De acordo com o
doutor Geraldo Ballone1, as compulsões são hábitos aprendidos e
seguidos por alguma gratificação emocional, um escape para a ansiedade e/ou
angústia. Eles são comportamentos repetitivos, frequentes e excessivos. Para
ele, não há uma causa estabelecida, sendo esses comportamentos entendidos como
uma forma de encarar a ansiedade e/ou angústia.
Com esses tipos
de problema, classificados como transtornos de espectro obsessivo compulsivo
(TOC), a pessoa torna-se dependente dessas atitudes, sentindo-se
desconfortáveis emocionalmente caso não as façam. Muitos pensam que as pessoas
se comportam dessa forma porque querem aparecer ou porque são sem vergonha ou
inconsequentes. A falta de informação e o desconhecimento da gravidade e
importância do problema leva as pessoas a julgarem e criticarem quem tem
comportamentos compulsivos. Porém, ao contrário do que muitos pensam, pode-se
dizer que há semelhanças entre os comportamentos compulsivos e a dependência
química, pois a repetição desses comportamentos e o aumento da frequência
caracterizam um processo de dependência, onde as pessoas acabam controladas
pela sensação de prazer e satisfação que os comportamentos proporcionam. O problema
é que esses comportamentos tornam-se repetitivos e prejudiciais, uma vez que a
pessoa fará qualquer coisa para se sentir bem; entrando em um círculo vicioso,
interminável e altamente prejudicial que afetará, a curto prazo, sua qualidade
de vida e suas relações sociais.
O comprador
compulsivo é dependente do ato de comprar. O interessante é que esse
comportamento causa um grande prazer no momento, mas traz um arrependimento posteriormente.
Mesmo assim, é impossível entrar em uma loja ou visitar sites sem comprar “coisas”.
Digo coisas no plural, porque a pessoa não se contenta em comprar apenas um,
mas tem que comprar vários objetos. Muitas das vezes objetos iguais, apenas de
cores diferentes.
A compra online
é ainda mais prazerosa, pois a espera pela chegada do produto gera uma alegria
misturada com satisfação. Então, até a chegada da compra, a sensação de prazer
é alimentada, chegando ao seu ápice no recebimento do que foi comprado. Desta
forma, após o recebimento do produto, contemplação e êxtase (sim, ficamos
extasiados de tanta felicidade. Já cheguei a chorar de emoção, abraçando e
beijando o que tinha comprado. Bizarro, né? Mas é desse jeito), a alegria dá
lugar a um vazio que precisa ser preenchido novamente. Isso faz com que tenhamos
que comprar para manter a (falsa) sensação de felicidade
Dilson Gabriel
dos Santos, professor de comportamento do consumidor da USP, chama a atenção para
discernirmos um impulso de comprar de uma compulsão. Segundo ele:
“essas pessoas
impulsivas pelas compras cometem as ...pequenas loucuras que se cometem ao
passar pelas gôndolas de supermercados, diz. Leva-se uma garrafa de bebida, um
iogurte ou um pacote de biscoitos a mais, observa. Já o compulsivo vai às
compras como um viciado que sai de casa para jogar ou em busca das drogas, e a
compulsão acaba sendo uma atitude que exclui logo o prazer pela aquisição do
novo produto.” (Comportamentos Compulsivos)
Como já disse em
outro artigo, o primeiro passo para uma mudança de comportamento é reconhecer o
problema e buscar ajuda rápido. Apesar de não ter cura, um acompanhamento e
tratamento especializado (psiquiátrico/psicológico) ajuda a lidar melhor com a
situação e a diminuir os impactos negativos desses comportamentos na vida das
pessoas. Se você é um comprador compulsivo, não tenha vergonha de admitir o
problema e procurar um profissional qualificado. Sempre haverá algo que pode
ser feito para melhorar a sua qualidade de vida e resgatar as relações estremecidas
por esse transtorno.
Andrezza Malaquias
Referência: