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segunda-feira, 3 de maio de 2010

Compras: quem exagera pode estar doente

Comprador compulsivo percebe a disfunção apenas quando se vê obrigado a pedir ajuda aos familiares. Neste estágio, situação geralmente já está bastante complicada
Veículo: Jornal Cruzeiro do Sul
Seção: Mulher
Data: 21/10/2005
Estado: SP
Que as pessoas, em especial as mulheres, gostam de gastar, não é novidade, mas como saber quando o prazer pelas compras ficou sem limites e já se tornou uma compulsão? Apesar da dificuldade em reconhecer essa patologia (que merece e precisa ser tratada), o comprador compulsivo percebe a disfunção apenas quando se vê obrigado a pedir ajuda aos familiares, mas nesse estágio a situação geralmente já está bastante complicada.
De acordo com a psicóloga e psicoterapeuta Tânia Maria Orsi, de Sorocaba, quem tem compulsão por compras é diferente de quem é simplesmente consumista, pois esse dificilmente compromete o seu orçamento mensal, e muito menos o patrimônio familiar.
A psicóloga explica que compulsão é o sintoma do ato repetitivo, ou seja, "o comprador compulsivo não consegue deixar de comprar, e não tem mais controle sobre sua vontade. Essa pessoa precisa gastar, caso contrário se sentirá angustiada. E essa compulsão é uma doença que necessita de tratamento".
Já o consumista, que não coloca em risco suas finanças, está inserido na patologia da "contemporaneidade": compra também para preencher algum vazio, mas sem comprometer o andamento de sua vida, podendo até ficar um pouco endividado, mas sem nenhuma gravidade.

Mídia
A psicóloga reconhece também que a mídia é a grande responsável pela criação de desejos, fazendo com que as pessoas, que são seres desejantes, sintam a necessidade de possuir cada vez mais. O desejo de consumo também está ligado ao fato de que a sociedade em geral, trata melhor quem se apresenta bem.
O poder da mídia pode ser comprovado, de acordo com Tânia Maria Orsi, pelo comportamento do consumidor, que acaba cedendo aos apelos da publicidade e comprando algo que nem precisa. Um exemplo prático disso são as compras feitas nos hipermercados de hoje: antigamente a dona-de-casa ia ao mercado apenas para fazer a "compra do mês", que consistia basicamente em produtos alimentícios, de higiene pessoal e limpeza. Hoje, os compradores saem carregando até mesmo eletrodomésticos de grande porte, como televisores.
E diante de tanta opção de compra, até mesmo os simples consumistas precisam ter cuidado para não se tornarem compulsivos.

O que fazer
A psicoterapeuta esclarece que o comprador compulsivo sofre por não resolver carências próprias, sendo que nas compras ele resolve instantaneamente o seu problema, mas não atua na sua causa. Ela destaca ainda que angústia todos nós sentimos, e que a diferença está na forma de encará-la: o consumidor compulsivo compra, os outros vão tentar resolver suas questões de outras maneiras, como por exemplo buscando fazer coisas que lhe dêem prazer, como atividades artísticas, e até mesmo fortalecendo os laços de amizade com familiares e amigos.
Tânia Orsi explica que o comportamento do consumidor compulsivo pode aparecer em quadros patológicos, como depressão. Mas atenta que "nem todo depressivo é comprador e nem todo comprador é depressivo". Porém, se juntar a depressão com essa compulsão por compras, a situação fica bastante séria, correndo o risco dessa pessoa desestruturar toda a família, chegando a atingir seu patrimônio.
Por entender que quadro compulsivo é uma doença, a psicoterapeuta reforça que tais pessoas necessitam de respaldo médico e psicológico.
Na parte da psicologia, o paciente terá que descobrir sua riquezas internas, reconhecendo que é capaz de dar e receber amor, e que tais valores são mais importantes do que todos os bens que possui. Mas se esse paciente compulsivo tiver níveis de ansiedade e angústia muito altos, deverá associar psicoterapia com medicação. Vale também frisar que, normalmente, necessitam de medicação aqueles pacientes que mesmo sem ter dinheiro não param de gastar.
Mas para saber qual o tratamento necessário e correto a ser seguido, Tânia Orsi orienta que os pacientes devem ser avaliados por psicólogo e médico, pois não são todos os casos que necessitam de tratamento associado.

Medidas práticas
Além do respaldo médico, a psicóloga lembra que medidas práticas para que haja contenção dos gastos precisam ser tomadas. Uma delas é que os familiares acompanhem o histórico financeiro do comprador compulsivo, e outra é a redução do crédito bancário.
Tânia Orsi também destaca que o consumidor contumaz não tem intenção de lesar ninguém, mas que por não ter controle sobre seus gastos, acaba deixando de honrar seus compromissos diferentes.
Ela faz essa observação para mostrar que o compulsivo é diferente do devedor com deficiência de caráter, que prejudica as pessoas não pagando o que deve, mas que mesmo assim dorme tranqüilo.

2 comentários:

  1. Seu blog está muito legal, Andrezza, adorei, muito informativo! :D

    Juliana

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  2. Ah, pq eu to como anônimo?

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