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segunda-feira, 3 de maio de 2010

Quando o prazer vira um vício

O comprador compulsivo realiza compras em quantidades exageradas freqüentemente gastando muito mais dinheiro do que pode, contraindo dívidas, passando cheques sem fundos (geralmente pré-datados), gerando desta forma prejuízos materiais para si e familiares mais próximos, culminando em falência, divórcios e depressão. Além disso, o tempo despedido, pensando em compras e indo atrás dos objetos de consumo pode destruir com sua carreira profissional, comprometer sua vida acadêmica e social.
Cerca de 5-6% da população sofrem do problema e é mais freqüente entre as mulheres, na faixa dos 30 a 40 anos. Até pouco tempo atrás, acreditava-se que 90% dos portadores do transtorno eram do sexo feminino. Porém, as últimas pesquisas americanas demonstram que os compradores compulsivos masculinos vêm aumentando assustadoramente, equiparando-se às do sexo feminino. Mesmo assim, as mulheres, em sua maioria esmagadora, ainda são as que freqüentam os consultórios psiquiátricos e psicológicos.
Atualmente o problema tem atingido pessoas cada vez mais jovens (por volta dos 18 anos), idade em que os pais costumam presentear a maioridade de seus filhos liberando talões de cheque ou cartões de créditos, muitas vezes de forma inadvertida. É muito comum, hoje em dia, vermos jovens endividados, vítimas das facilidades de crédito e das campanhas publicitárias.
Além dos apelos do mercado, as facilidades de compras pela internet e canais de televisão voltados exclusivamente para o consumo também são fatores que propiciam e exacerbam o problema.
Infelizmente estes jovens (ainda estudantes) antes mesmo de conquistar a independência
financeira já se vêem implicados com o SPC e com seus nomes sujos. Os mais favorecidos financeiramente normalmente são socorridos pelos próprios pais. Porém, os menos privilegiados não têm perspectivas de quitarem seus compromissos, recorrendo a empréstimos e agiotas, o que só agrava o problema. Mesmo assim, eles acreditam que um dia vão conseguir liquidar suas dívidas e continuam comprando a prazo ou pagando apenas o mínimo de seus cartões de crédito.
Produtos como maquiagem, jóias, roupas, bolsas, sapatos e perfumes são os preferidos pelas mulheres. Já os homens têm como foco os celulares, eletroeletrônicos, motos e até carros.
Não podemos negar a grande influência que nossa cultura consumista exerce sobre este transtorno, no entanto também é inegável o componente afetivo representado pelo vazio interno que os compradores compulsivos vivenciam. Via de regra, o comprar compulsivo envolve dois fatores: 1) Necessidade de bens materiais, com o intuito de alcançar a “felicidade”, que confere poder e status; 2) Como ferramenta para melhorar a auto-estima e sentir-se bem, preenchendo ilusoriamente a carência afetiva.
É preciso cortar o ciclo vicioso, uma vez que a compra compulsiva é antecedida por um desejo incontrolável e, no ato da compra em si, vivencia um grande sentimento de alívio tensional (prazer propriamente dito) ou ainda uma incrível sensação de poder e felicidade. Essa “onda” boa é seguida em geral de culpa e remorso por ter fracassado frente à compulsão. Assim, novamente o compulsivo é tomado por uma sensação de ansiedade muito grande, que só é aliviada com novas compras.
A compulsão por compras é mais grave do que se pode imaginar. É tal qual um vício em drogas ou jogo. Quem sofre do problema necessita de tratamento adequado, que pode envolver tanto terapia medicamentosa quanto psicoterapia.

É comum que as pessoas portadoras do problema comprem coisas desnecessárias ou roupas repetidas, de várias cores, sejam elas caras ou não, somente pelo prazer de comprar ou para aliviar suas ansiedades. Em casos mais graves, entulham caixas em seus armários e quartos, até perderem totalmente os espaços dentro de suas próprias casas.
Fonte: NAPADES - MEDICINA DO COMPORTAMENTO

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